quarta-feira, 10 de março de 2010

"Eu te amo..." E agora???

"Eu te amo..."
Foi assim, de bate pronto... Estavam na fila do cinema, quando ela disse que iria pegar pipoca e refrigerante. Saiu, virou e disse... Algumas pessoas até olharam, mas não deram muita importância, já que é algo tão normal falar 'eu te amo'. Mas o que não sabiam, é que Pietro conhecia Sabrina há 2 meses e começaram a namorar havia duas semanas e que o "eu te amo" saiu mais sincero dos que ele já havia ouvido antes.
Teria que fazer alguma coisa, afinal, ela voltaria tão rápido quanto foi. Deveria dizer o mesmo ou ficar na dele, pra ver no que dava.
E então, tudo começou a voltar...
"Se conheceram na loja de materiais de construção, ele estava procurando brocas para a furadeira, só que esqueceu de anotar qual era a marca. Tentou bancar o esperto e procurar sozinho, mas as trevas da ignorância o tomaram mais do que rapidamente e quando foi pedir ajuda à atendente, não sabia o que era mais impressionante: além do fato de só ver mulheres trabalhando na loja, as que se encontravam no setor de ferramentaria sabiam de trás pra frente, de baixo para cima, tudo sobre ferramentas. No começo, ele até entendeu, que por se tratar do trabalho delas, elas deveriam saber. Mas, depois de cinco minutos de explicações científicas, Pietro estava perplexo.
Foi quando Sabrina adentrou na conversa...
"Como se não bastasse eu ser um burro funcional, ainda essas meninas são lindas... Devem me achar um mané...", pensou. Mas Sabrina, além de linda, era humilde, algo que Pietro admirava...
Após inúmeras explicações, informações e afins, Pietro agradeceu à todas as meninas, disse que procuraria por martelo, pregos, parafusos e buchas pra dar cabo do serviço, elas riram e quando ia saindo, Sabrina perguntou se podia acompanhá-lo, mas do que rapidamente e gaguejando, disse que sim...
"Só se estiver doente pra dizer não!". Passaram por todas as seções da loja sem se dar conta do tempo, enfim Pietro havia comprado o que precisava, e a julgar pelo que Sabrina carregava no seu carrinho, ela era perita em assuntos de construção e reforma.
No final de um dos corredores, se despediram. Cada um foi pro seu lado... Pietro, ora se culpando por não ter pedido o número do telefone, ora pensando achar que seria muito atrevimento, uma vez que Sabrina havia muito educada com ele...
Quando chegou no caixa, não foi surpresa notar que a moça que ali estava também era bonita, o que motivou a perguntar: "Me diga uma coisa: essa loja contrata funcionárias em alguma agência de modelos?!? Porque vou te dizer, só tem gata por aqui..." A atendente riu e respondeu que muitos clientes notam isso, mas que quem trabalhava ali arrumava o emprego da maneira usual... Pietro olhou para o lado e viu Sabrina e pensou em convidá-la para tomarem um café, afinal, ela o havia ajudado e o máximo que poderia ocorrer seria tomar um não na cara... O que não ocorreu.
Durante o café, conversaram mais animadamente... Começaram a se conhecer: ela era advogada e seu pai era do ramo de construções, por isso sabia tudo sobre ferramentas. Ao passo que ela ia falando, Pietro ia se encantando mais e mais! Por fim, combinaram de sair... E o resto é história..."
E agora ele estava alí, parado e assustado com sua própria condição... O que fazer?
Dizer eu te amo não igual a dizer 'oi' ou 'bom dia' e sair dizendo pra tudo que é lado!
Mas ela é tudo o que um homem pode querer em uma mulher: inteligente, bem-humorada e linda... "Então qual é o problema?!?!" - pensava... Se os amigos e irmãos de todas as horas estivessem por perto pra ajudar... Renato, Carlos e Gustavo foram rolar o caroço. Era quarta-feira do futebol e já havia sido crucificado por eles por não ir junto...
No fim, teria que resolver sozinho... Ela estava voltando e ele teria que fazer alguma coisa: se dissesse que também a amava, estava tranquilo. Do contrário, poderia por tudo a perder...
Ela chegou com os quitutes, deu um sorriso, o beijou e disse:
- Eu te disse que te amava, e amo mesmo... E lá da bomboniére fiquei te olhando e notei que você ficou com um olhar perdido. Você não é obrigado a dizer o mesmo se não sentir... Tudo ao seu tempo...
Pietro, em um misto de susto e pavor não parava de pensar:
- E agora???

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Banana na cuca é boa!

Carlos estava quase dormindo, naquele entardecer após chuva, tipico da cidade, quando escutou a buzina inigualável do GTO 67 de Gustavo...
Logo pensou o que levaria o nobre amigo chegar em sua casa àquela hora... Problemas amorosos, pensou....
Após a saudação alegórica de sempre, começaram o debate...
- E aí, bora aprontar o que? - Carlos como sempre, com a cabeça cheia de raciocínios lépidos.
- Xi, brotha... Tô sem clima pra agito... - Gustavo disse sem vontade de nada.
- Puxe uma cadeira, sente do chão e me conte o que te atormenta, meu irmão...
- Véi... Tô no limite: do trabalho, das aulas e sobretudo, dos preparativos pro casamento!
- VIIIIIIIIIIILA ROMANA RESOLVE SEUS PROBLEMAS!!! - Carlos berrou o que sempre berrava, independente do momento... Falou isso até em um velório e quase foi chutado do "guardamento"...
- Pára brotha! Tô falando sério, merda...
- Já sei... Bora comprar uns ingredientes pámodique fabricarmos um petisco...
- Certo... Vai assim, mulambento?!
- Lógico que não! Vou tomar um banho e me maquiar e aí iremos... Vai que encontro minha ex?!?!
Ambos se olharam e riram...
- Tira essa carroça do caminho e vamos no meu carro...
- Aaaah, só por que reformou o Mustanguinho e tá louco pra devolver o susto?!? - riu Gustavo, lembrando da noite em que entraram na contra-mão...
- Não, mané... É que preciso abastecer, só. - Carlos nunca conseguia enganar o amigo...
Depois de voltarem do mercado, foram a cozinha e começaram o preparativos do acepipe.
- Aí! Na minha cozinha é avental e touca! Senão, pode ficar olhando lá da sala! - Carlos demonstraria suas habilidades de chef de cuisine. Motivo de riso e orgulho entre os amigos, já que entrou no curso só por causa de uma mulher...
- Tá certo, Jean-Pierre...
- Vamos discutir um relacionamento usando o mesmo processo de fazer um doce comum... Uma cuca de banana!
- Hã?!?
- É... Você tem todos os ingredientes à mão, cabe à você deixá-la boa ou ruim! - disse Carlos, com o cinismo de sempre.
- Me explica, porque, honestamente, dessa eu não sabia...
- Simples, como tudo na vida... Quando você conheceu a Simone, tinha os ovos, a farinha, margarina, enfim, quase tudo... Menos o fermento!
- Fermento?!?
- Sim... A Simone é teu fermento!! Trouxe maciez à tua vida...
- Meu Deus! Porque eu te dou ouvidos, cara?!?
- Por que somos amigos há milanos e sei bem quando você tá bem ou não! Enfim, você tava na cozinha da sua vida, esperando fazer alguma coisa, mas faltava algo. Ou seja, o fermento! Afinal, não ele que faz crescer os quitutes e dá a maciez?!?!
- Prossiga em sua gastronômica narrativa...
- Então... Você tava lá. tentando fazer algo que fosse bom, mas não sabia o quê. Até que encontrou a Simone! E juntos começaram a preparar a cuca da felicidade... Reuniram todos os ingredientes, fizeram a massa, a farofa e talz... Tiverem alguns percalços no caminho, brigas e afins, o que seria o equivalente a tirar do forno antes do tempo, mas ajustaram a temperatura, e agora esperam os minutos finais pra ver se ela está boa ou não.
- Realmente... Apesar de toda essa loucura que você faz pra explicar algo, você tem razão...
- Gracias, hermano...
- Mas não tá faltando alguma coisa?
- Se refere à banana?!
- Sim...
- Ah... Verdade... Banana na cuca é boa!
E uma vez mais, ambos riram...