Nem lembrava da última vez em que tinha fumado, e se perguntou porque não havia fumado aquele excelente Monte Cristo que lhe foi oferecido durante o festejo, mas mesmo assim estava determinado a fumar, mesmo não conseguindo lembrar o motivo que o levava a fumar como antigamente...
E aos poucos, seus pensamentos começaram a voltar pro carro e pra ela que não parava de falar...
Há quanto tempo ela estava falando?! Teria começado ainda no salão, no estacionamento ou desde o dia em que tiveram o primeiro atrito? Quis rir, mas achou melhor não municiar o inimigo...
E não encontrava um lugar sequer que pudesse saciar seu (péssimo) hábito há muito abandonado. Em tempos de outrora, sempre tinha seus smoking times com os amigos: durante a aula, nos barecos e afins...
E essa mulher sentado ao seu lado, afinal de contas, quem é? Falando assim, mais alto que o Billy Idol cantando Rebel Yell no rádio!
Era tão doce no início e reservada... As únicas reservas que tem agora são no que diz respeito à ofensas de cunho familiar... Mas continua sendo uma mulher sem igual.
Índios, camelos ou a terra dos caubóis? Era assim que falavam quando "degustavam de um pito"...
Então como se acabasse de sair do coma, lembrou o porque de tanta balbúrdia: havia encontrado Bia, uma amiga de tempos de cursinho e faculdade, a qual ela, pra variar, detestava... Conversaram animadamente, mais pra matar saudades do que pra outra coisa. Talvez o fato de Bia ser modelo e ter abandonado a faculdade por isso e ser linda, não tenha sido o motivo e sim, o fato dela ter pedido um isqueiro emprestado e oferecido um cigarro e que tenha dado início ao teatro grego que ela fazia com tanta maestria...
Então, o sogrão, que deve ter pressentido o erguer de ombros e agregador como sempre, chegou com uns amigos e perguntou se ele gostaria de ir ao deck, degustar de um bom charuto cubano... Tentou ajudar, mas só o que fez foi apagar o fogo com gasolina.
Despediu-se dos mais próximos e Bia, que lhe entregou um cartão e ajudou a sacramentar a farra do boi, e singrou rumo à saída.
Ela perguntou onde estava indo... a vontade de dizer que estava indo rumo ao desconhecido - algo que a deixava no veneno - chegou à ponta da língua, mas preferiu deixar prá lá... Extremamente irada, ela entrou no carro e começou o monólogo...
Falou de tudo, um pouco: desde a noite em que se conheceram, até a maneira que tratava qualquer atendente, sem esquecer é claro, de maldizer seus amigos... o de sempre. Mas falar dos amigos é sempre tenso e ela sabia que havia cruzado a linha que separa o sagrado do profano.
Enfim, achou um posto, parou o carro, olhou bem pra ela e disse: "Helena, você conseguiria fazer até um mudo gritar de desespero com seus chiliques! E outra coisa, vou até aquele posto ali e comprar tantos cigarros tiverem e ponto final! Estamos de acordo?"
Apesar de estar falando há sabe-se lá quanto tempo, saiu só um fiapo de voz: "Renato, é que eu estou...", ele nem esperou o fim.
Saiu mais leve do carro e caminhou tranquilamente na madrugada fria e de céu estrelado, e finalmente lembrou o porque fumava...
Era pra desestressar...
Maravilhoso!!!! Amei!
ResponderExcluirParabéns Edu!